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Você saberia me dizer, com clareza, como as coisas são feitas na sua empresa — e por que são feitas desse jeito? Se a resposta veio acompanhada de dúvidas ou uma explicação vaga, provavelmente o seu negócio ainda não tem uma cultura organizacional definida. E isso, sinceramente, é um problema muito maior do que estar ou não estar certificado com uma norma ISO.
Cultura organizacional é um tema que, apesar de cada vez mais popular, ainda é tratado com muito romantismo e pouca objetividade. O que mais se vê são frases bonitas em quadros de parede, valores genéricos copiados da empresa vizinha e reuniões que falam de propósito sem nunca definir comportamentos. Isso afasta os empreendedores — e com razão. Quem vive a rotina de um negócio quer clareza, impacto e resultado. É exatamente por isso que, neste artigo, quero te mostrar uma visão pragmática, prática e aplicável sobre o que é cultura organizacional. E por que ela é, no fim das contas, mais importante do que qualquer certificação ISO que você possa colocar na parede.

Cultura é o “como”. E o “como” muda tudo

Na minha visão, a melhor definição para cultura organizacional é direta: cultura é sobre como fazemos as coisas para alcançar determinado resultado. É o jeito de operar, decidir, servir, liderar.
Esse “como” se constrói com base em quatro elementos essenciais:
  1. Por que existimos — o propósito da empresa.
  2. Para onde vamos e até quando — a visão, o ponto B com prazo definido.
  3. Como vamos chegar lá — a missão, conectada diretamente ao produto ou serviço.
  4. O que é permitido ou não — os valores organizacionais, ou melhor, os comportamentos praticados.
Quando esses quatro pontos estão claros e tangíveis, conseguimos comunicar com firmeza o que somos — e isso permite que colaboradores, fornecedores, clientes e toda a cadeia de stakeholders se conectem ou não com a empresa. E está tudo bem se alguns não se conectarem. O que importa é que a cultura seja autêntica, coerente e viva.

Pertencer e existir: a base humana da cultura

Todo ser humano, em qualquer parte do planeta, deseja duas coisas fundamentais: pertencer e existir com sentido. Aristóteles, um dos maiores filósofos da história, já afirmava que o homem é um animal político — um ser que só se realiza plenamente em comunidade. A vida em sociedade, segundo ele, é o meio pelo qual encontramos propósito, direção e identidade.
É exatamente isso que uma empresa com cultura organizacional definida oferece: um ambiente onde as pessoas não apenas “trabalham”, mas vivem um projeto comum, sentem-se parte de algo maior, sabem o que é esperado delas e por que aquilo importa.

Cultura tem dono: é responsabilidade dos fundadores

Gosto de usar uma analogia simples. Cultura organizacional é como a cultura de uma casa. Quem define as regras daquela casa são os donos — pai, mãe, ou quem quer que seja responsável. Durante um intercâmbio que fiz em Toronto, no Canadá, entre o final de 2008 e início de 2009, vi isso com clareza: todas as casas que visitei tinham uma regra clara e inegociável — tirar os sapatos antes de entrar. No Brasil, essa prática é incomum. Isso não torna um certo e outro errado. Apenas mostra que em cada ambiente existem comportamentos esperados, e quem define esses comportamentos são os donos.
Na empresa é igual. RH não define cultura. Colaboradores não criam cultura. A cultura começa nos donos — porque é deles a visão, o risco, o sonho e a responsabilidade. E quem se junta à empresa deve estar disposto a viver dentro dessas regras, ou, simplesmente, buscar outro ambiente que se alinhe mais com seus valores.

ISO sem cultura é certificado oco

Agora vamos ao ponto que me trouxe a escrever este artigo. Na blwinner, nós não vendemos certificados. Isso é coisa do passado. Nós ajudamos nossos clientes a aumentarem faturamento e margem por meio da aplicação real das normas ISO. E fazemos isso porque acreditamos que é possível ressignificar o mercado ISO.
A maioria das empresas hoje busca uma ISO 9001 (ou ISO 14001, ISO 27001, ISO 45001, etc.) para atender exigências comerciais. Só por isso. Isso é uma inversão completa do propósito das normas. Elas foram criadas para implementar padrões de excelência, práticas de melhoria contínua e governança em todas as áreas. E sem cultura organizacional, isso se transforma em papel para cumprir tabela — sem impacto real no negócio.

A cultura da blwinner: nosso “como” é o que nos diferencia

Não trago o exemplo da blwinner por vaidade, e sim por convicção. É importante mostrar que nós vivemos isso na prática. Não estamos aqui apenas para ensinar cultura organizacional, mas para mostrar que entendemos, no dia a dia, os desafios reais de estruturar e sustentar uma cultura.
Como CEO da blwinner, posso afirmar com propriedade: cultura não é um PowerPoint bonito, é uma escolha diária. É um compromisso que começa pelos donos e se expressa em cada decisão, comportamento e entrega. Nosso “como” é vivido com verdade, com acertos e ajustes constantes. E é isso que queremos levar para nossos clientes — não uma teoria bonita, mas uma prática que transforma.
Veja como estruturamos isso:
  • Nosso propósito: Acreditamos que é possível ressignificar o mercado ISO.
  • Nossa visão: Até 2033, queremos contribuir para que nossos clientes gerem 100 mil empregos.
  • Nossa missão: Ajudar nossos clientes a aumentarem faturamento e margem por meio das normas ISO.
  • Nossos valores: Seis comportamentos claros, públicos e praticados diariamente.
Essa clareza nos dá foco, identidade e consistência. E é exatamente isso que falta na maioria das empresas hoje.

Conclusão: cultura é o que permanece quando tudo muda

Em tempos de inteligência artificial, automações e mudanças cada vez mais aceleradas, produtos e serviços viram commodities em questão de meses. O que diferencia uma empresa da outra é o como ela faz o que faz. E isso se chama cultura organizacional.
Se você quer um diferencial competitivo real, que resista ao tempo, às crises e às modas do mercado, comece pela cultura. Comece pelo “como”.
Este artigo é apenas o primeiro de uma série. Vamos nos aprofundar em cada um dos quatro pilares da cultura organizacional, mostrar como conectá-los com os requisitos das normas ISO e trazer estudos de caso e dados de mercado. Porque, aqui na blwinner, acreditamos que é possível transformar empresas com propósito, direção e comportamento.
Lucas Basques

Empreendedor otimista, esportista aficionado e sortudo por todos os dias trabalhar fazendo o que ama. Com mais de 15 anos de trajetória na blwinner, atuando como consultor e auditor em diversas normas ISO e SASSMAQ. Hoje, lidera a empresa como CEO, com o compromisso de ajudar os clientes a aumentar faturamento e margem através das normas ISO.